quarta-feira, 6 de junho de 2012

COMO ESTRELAS NA TERRA

Este filme “Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial” consegue transmitir para todo e qualquer educador uma mensagem, mostrando que é possível trabalhar com a diversidade dentro da sala de aula, basta o professor compreender as necessidades e o contexto social de cada aluno, para então, poder ajudá-lo a desenvolver sua capacidade de aprendizagem.
O filme conta a história de Ishaan, uma criança que sofre com dislexia, onde a mesma não é compreendida em casa e nem na escola, pois, o pai acredita que o menino é apenas um preguiçoso e indisciplinado, comportando-se severamente com a criança. Na escola ele é tratado como aluno desinteressado por não conseguir ler e escrever corretamente, passando a ser castigado por seus erros cometidos e com isso passa a ser motivo de graça para os colegas, pois, ele já está repetindo o terceiro período e corre o risco de repeti-lo novamente.
Para que tal fato não ocorresse, o pai de Ishaan decidiu transferi-lo para um colégio interno, sendo que isso soa para o menino como um castigo, pois ficará longe de sua família. E sendo assim, a vontade de aprender do garoto só veio a regredir. No entanto, essa nova escola não foi diferente até o momento em que chegou um professor substituto de artes. Este, não se tratava de um professor tradicional, pois, não seguia rigorosamente as normas da escola, ele ensinava de acordo com sua própria metodologia.
Logo que o professor de artes conhece Ishaan, percebe que ele sofre de dislexia e decide ajudá-lo. E como esse não era um problema desconhecido por ele, pois também havia tido no passado, soube perfeitamente como tirar essa criança do abismo em que se encontrava. Ensinou-o a ler e escrever, e a partir daí o garoto passou a superar a opressão familiar e suas próprias limitações, passando a ver agora dentro da escola, um outro significado.
Portanto, cabe ao professor desenvolver sua própria metodologia de ensino, contudo que ela seja transmitida de forma a estimular a compreensão do aluno. Sendo que, a maior parte dos professores ainda trabalha o ensino de língua em sua perspectiva formal, priorizando apenas a linguagem e escrita dentro da norma culta, no entanto, é preciso substituir definitivamente a idéia de uso certo ou errado pela de uso adequado ou não adequado.
Esse filme retrata o ensino pedagógico em duas concepções: o ensino tradicional e o inovador. Esse primeiro ensino está relacionado à forma conservadora da norma culta, ou seja, a norma padrão, que se preocupa apenas com as regras gramaticais e que segue rigorosamente as normas implantadas pela instituição escolar. Isto é, modelo pedagógico tradicional, centrado no professor e na exposição oral dos conteúdos.
O ensino tradicional privilegia apenas o conteúdo, onde a figura do professor fica responsável para transmitir o seu conhecimento e o aluno para receber o que foi transmitido. Sendo que, na maioria das vezes o aluno não consegue entender determinado assunto, e mesmo assim, o professor cobra dele através de testes para obterem notas, sem, contudo, prestar atenção quais foram às dificuldades encontradas por eles, para que os mesmos venham fazer uma possível reescrita a partir da orientação do professor.
Outra prática observada foi a da punição, onde os alunos eram castigados pelo fato de não conseguirem ler um texto imposto pela professora, atitude essa, que não desenvolve nos educandos o gosto pela leitura, pois como bem sabemos, a leitura precisa ser fonte de prazer, e o professor deve procurar maneiras adequadas de despertar o gosto por essa atividade em sala de aula, que aplicada como forma de castigo vira antipatia e aversão ao hábito de ler.
  O que aconteceu na escola de Ishaan, foi que os professores corrigiam apenas os erros gramaticais dele e não conseguiram ver que estavam lhe dando com uma criança especial, que desejava somente ser compreendida, para que junto com seu mestre conseguisse ampliar seus conhecimentos, desenvolvendo a habilidade da leitura e da escrita.
O segundo ensino é o inovador, onde os profissionais trabalham com motivação e estão mais abertos ao debate, são mais críticos e estão sempre revendo suas práticas. Nesse modelo de ensino, a escola leva em consideração o conhecimento que a criança traz consigo, buscando sempre aprofundar e ampliar esses saberes, mostrando como fazer o uso nas mais diversas situações do cotidiano.
Sabemos que toda criança já chega à escola com certo conhecimento, que é o conhecimento de mundo. Cabe ao professor saber aproveitar as qualidades do aluno com o intuito de ampliá-las e não fazer com que ele deixe de lado o que aprendeu em seu meio social, para aprender algo que é totalmente desconhecido por ele, chegando a frustrá-lo.
 No filme “Como Estrelas na Terra” apenas um professor faz uso desse ensino inovador, o professor de artes, e é a partir de sua prática que percebemos o quanto é importante acompanhar as mudanças na educação. Pois, o desfecho do filme se dá, quando o professor consegue mobilizar a escola a respeito da diversidade que existe na sala de aula, mostrando que é possível sim, fazer com que o aluno venha a desenvolver sua capacidade de aprendizagem a partir da compreensão e do incentivo do educador. Visto que, foi através da adequação da teoria à prática, que o professor demonstrou ter um embasamento teórico que serviu como base para o desenvolvimento da prática utilizada em seu trabalho.
Ishaan foi apenas um exemplo para tentar mobilizar a instituição escolar a respeito da diversidade, pois existem milhões de crianças com esse ou outros problemas no mundo, e que não têm a sorte de encontrar um professor igual ao do filme, que as compreenda e as incentive para seguirem em frente. Contudo, é a partir de um relacionamento harmonioso entre professor e aluno que se consegue amenizar o entrave que existe entre ambos.
O filme mostra uma lição de vida. Um garoto que foi tratado com respeito por um professor, que soube valorizar e compreender suas diferenças, bem como sua forma de expressar-se através da arte, incentivando-o e mostrando-o que seu problema poderia ser superado e que aquela deficiência não o fazia menor nem diferente dos outros, visto que grandes artistas tinham o mesmo problema e conseguiram superá-lo.
No entanto, sabemos que a dislexia está longe de ser solucionada, e que na verdade o que salvou o garoto não foi à descoberta do seu problema, mas sim, os novos métodos utilizados por Ran Shankar (o professor em questão), e o interesse de fazer com que ele aprendesse a lidar com sua diferença. Esse filme retrata a realidade que vivenciamos hoje, no entanto, trata-se de uma história verídica, antes fosse apenas ficção. Porém, esse filme serve de exemplo para nós futuros professores, de saber lidar com esses problemas em nosso contexto escolar, para assim, encontrar meios e soluções adequadas para trabalhar com essa e outras deficiências.